terça-feira, 5 de julho de 2011

INFORMAÇÃO E DIFICULDADE DE ABSORÇÃO

Miro Hildebrando*
A Notícia, publicado em 27 de junho de 2011
Podemos dizer, com todas as letras, que nunca houve uma época tão complexa e ao mesmo tempo tão desafiadora quanto a nossa. O conhecimento humano avança celeremente: há duas gerações, dobrava a cada 20 anos; a geração atual o vê dobrar num período inferior a dois anos. A tecnologia da informação (TI) faz com que o volume de dados dobre a cada 18 meses – ou menos. Hoje, é praticamente impossível ter-se conhecimento amplo e aprofundado da própria área de atividades: por exemplo, somente em economia, publicam-se perto de 15 mil livros e artigos científicos por ano.
Algumas funções na área da TI são radicalmente novas, como catalogar milhares de novos produtos e serviços; digitalizar documentos, incluindo aqueles escritos a mão; detectar preferências de consumidores avaliar gostos e atitudes na web; testar jogos, etc. A lista de novas funções (microtrabalho) cresce sem parar, e a interligação com computador, internet, TV, jogos e telefone gera novas necessidades, que se estendem para o ambiente empresarial e doméstico, passando pela mecatrônica e eletricidade, envolvendo equipamentos e sistemas de todos os tipos, móveis e estacionários.
Algumas funções já passam por processo de recrutamento intensivo, como administrador de database, consultores funcionais e técnicos, designers e animadores, engenheiro de hardware, administrador de network, líder de projeto, gerente de data quality, engenheiro de software, supervisor de programas, líder de equipe, arquiteto de estrutura de TI e engenheiro de suporte técnico. Se incluirmos áreas específicas como call centers, SACs, linhas de montagem, redes e centrais de processamento de dados e estações de back up, armazenagem e monitoramento, a lista se torna maior ainda, para aflição dos empregadores.
O País tem cerca de 57 milhões de jovens com menos de 18 anos, segundo o Unicef, e é um enorme desafio fazer com que haja serviços adequados de saúde, segurança e educação para todos. Nessa faixa de idade é que as injustiças sociais se tornam impedimento para que os jovens continuem os estudos, fazendo com que muitos abandone a escola e sejam absorvidos por atividades criminosas, pela violência e pela alienação. Para agravar a situação, algumas categorias sociais continuam a ser economicamente discriminadas (como índios, negros, idosos e adolescentes), ignorando-se os benefícios que resultam dos ambientes culturais expostos à diversidade cultural e étnica.
O que temos aqui é motivo suficiente para intensa preocupação dos educadores, que têm um claro papel a desempenhar, e dos nossos planejadores públicos e pais da Pátria que, como visto, estão mais interessados em brasa e sardinha.