INTRODUÇÃO
O crescente
nível de competição tem levado as organizações a desenvolverem estratégias que
visam a torná-las menos vulneráveis às mudanças que vêm ocorrendo nos ambientes
externo e interno. O processo de globalização (financeiro, produtivo e comercial),
a introdução de novas tecnologias e a implantação de novos processos
organizacionais levam alguns segmentos a um cenário de fusões, incorporações e
reestruturação, com o objetivo de manter a competitividade. Para minimizar os
efeitos negativos deste ambiente turbulento, deve-se estimular a elaboração de
um planejamento estratégico, e este planejamento precisa ser desenvolvido
levando-se em consideração os cenários nos quais a empresa visa a atuar.
No setor
supermercadista, o cenário do varejo no Brasil tem se alterado
significativamente. O aumento da concentração das vendas em poucas grandes
redes de supermercados transformou-se em uma ameaça para os pequenos e médios
supermercados independentes.
A
formação das redes de empresas visa superar suas limitações individuais, em
atividades operacionais, pois sozinhas não garantem as condições suficientes
para o seu pleno desenvolvimento e, principalmente, a sua capacidade de
atuar em um mundo competitivo. Com isto, as redes, aliam supermercados independentes
na busca da eficiência coletiva, gerando sinergia na superação do
individualismo.
OS SUPERMERCADOS NO BRASIL
Os supermercados
caracterizam-se pelo sistema auto-serviço, check-outs (caixas
registradoras sobre balcão na saída da loja) e produtos dispostos de maneira
acessível, que permitem aos clientes “auto-servirem-se”, utilizando cestas e
carrinhos. O supermercado constitui operação de grande porte, com baixo custo,
pequena margem de lucro, grande volume e auto-serviço, que visa à satisfação
total das necessidades do consumidor no tocante a alimentos, produtos de
higiene pessoal e limpeza e produtos de manutenção do lar. As empresas
européias e americanas adquiriram redes nacionais e trouxeram novos
equipamentos e estratégias de negócios. O grande número de aquisições de médias
empresas pelas grandes redes, causou um aumento da concentração no setor e pressionou as pequenas lojas,
principalmente nos grandes centros urbanos, ocasionando com o fechamento de
pequenos supermercados. Com isto, o varejo brasileiro nos últimos anos vem
passando por grande reestruturação organizacional e estratégica, devido a
profundas transformações que aconteceram, destacando-se as seguintes: acirramento
da rivalidade com a entrada de grandes empresas internacionais do setor no
mercado nacional; reestruturação patrimonial; inovações organizacionais e
tecnologias de automação; fechamento de pontos de venda deficitários, e expansão
das lojas com grande área de venda.
SUPERMERCADOS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE
Os supermercados de
pequeno e médio porte enfrentam dois grandes problemas relacionados à
concorrência das grandes redes de supermercados: a concentração e a implantação
de novos modelos de lojas. A concentração das grandes redes de supermercados é
tida como a maior ameaça para a sobrevivência dos supermercados de pequeno e
médio porte. E o maior poder de negociação das grandes redes varejistas passou
a pressionar fornecedores e os pequenos supermercados, levantando dúvidas sobre
a sobrevivência da maioria das lojas independentes.
O outro problema é a
implantação de novos modelos de lojas pelas grandes redes de supermercados.
Como estratégia de ampliação da participação de mercado e aumento de faturamento,
as grandes redes estão avançando no mercado dos pequenos e médios supermercados.
Com a implantação de modelos de lojas menores, de sortimento de produtos limitado
e com estrutura de custos enxuta para competir com as lojas tradicionais. Esta
grande competitividade impõe reduções graduais de rentabilidade e as grandes redes,
pressionadas pela redução da demanda em seus países de origem, são levadas a expandirem-se
internacionalmente e com isto provocando o processo de concentração. Este fato
é aumentado pelo consumidor querer mais por menos.
O MODELO DAS CINCO FORÇAS DE PORTER
NO SETOR DE SUPERMERCADOS
►Novos entrantes -
trata-se de um mercado de livre entrada e saída de empresas e neste caso,
configura-se em uma grande ameaça de novos entrantes e difícil imposição de
barreiras à entrada dos mesmos. As grandes redes de supermercados assim como
outros grupos empresariais estão investindo fortemente em um novo formato de
lojas, as Hard-discount,, como o grupo Carrefour, com o Dia e o Econ,
configurando uma ameaça de um novo entrante no setor.
►A ameaça de substitutos - esta concorrência pode ser
caracterizada como inter-tipo, ou seja, quando diferentes formatos de varejo
vendem as mesmas linhas de produtos. Por exemplo, as padarias concorrem com as
lojas de conveniência, os hipermercados concorrem com as lojas de
departamentos. No setor outras situações que envolvem substitutos referem-se a
mudanças de hábitos de consumo, principalmente referente ao preparo de
alimentos, a praticidade dos pratos prontos e congelados, a agilidade dos
serviços de entregas de refeições em domicílio e o aumento das pessoas que
fazem suas refeições fora de casa. Passando a concorrer diretamente com
restaurantes de fast-food, restaurantes de comida por quilo, sistemas de
compras delivery e o crescimento e desenvolvimento do varejo eletrônico,
o e-commerce.
►O poder de negociação dos compradores - com a crescente
quantidade de pontos de vendas e os investimentos maciços de empresas
multinacionais no setor, aumentou significativamente o poder de negociação de
compras dos consumidores, exigindo dos pequenos supermercados independentes uma
redução de preços e de rentabilidade, bem como o aumento de seus custos fixos
com a prestação de serviços dispendiosos.
►O poder de negociação dos fornecedores - as grandes redes, com o
aumento significativo de seu poder de compra, alteraram o jogo a seu favor,
diminuindo o poder de negociação dos fornecedores. Já os supermercados
independentes a intensidade do poder dos fornecedores vem aumentando
fortemente, impossibilitados pela economia de escala e pelos custos de mudança,
este segmento enfrenta enormes dificuldades de negociação ao tentar conseguir condições
de preços competitivos para enfrentar as grandes redes.
►Rivalidade entre os concorrentes existentes - esta força é muito
intensa no setor de supermercados, principalmente após a estabilização
econômica conseguida após o Plano Real em 1994 e consiste no uso de táticas de
concorrência via preços, campanhas promocionais, lançamento de novos produtos,
aumento de serviços, garantias, assistências técnicas e outros.
CENÁRIOS
1 – Estratégia de fusões e incorporações
A
concentração no segmento de supermercados é uma tendência mundial. No Brasil,
em apenas dez anos, o índice de concentração em relação às cinco maiores redes
passou de menos de 30% para mais de 40%. Este fenômeno ainda está a meio
caminho se tomarmos como parâmetro os Estados Unidos e a Europa, onde a
concentração das maiores redes se aproxima da casa dos 70%. Mas precisamente no
Brasil, em 1995, 27,8% do setor supermercadista estavam nas mãos das cinco
maiores redes.
Carrefour manteve no ano passado a liderança no ranking de
vendas dos supermercados do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados
(Abras), a varejista francesa encerrou 2008 com R$ 22,4 bilhões de faturamento
bruto, alta de 16,7% sobre 2007. No segundo posto ficou o Grupo Pão de Açúcar
com faturamento de R$ 20,8 bilhões e aumento de 11,2%, seguido do Wal-Mart, com
receita de R$ 16,9 bilhões e crescimento de 13%. As posições do Pão de Açúcar e
Wal-Mart se mantiveram inalteradas em relação a 2007.
De acordo com a Abras, as três maiores redes concentraram
73,4% do faturamento entre os vinte maiores supermercados do País em 2008, ante
74,6% do ano imediatamente anterior. Segundo a entidade, os maiores
crescimentos porcentuais foram da rede Condor Super Center (PR), com alta de
29,4%; Sonda (SP), de 24,6%; Super Muffato (PR), de 24,5%; e GBarbosa (SE), de
24% - que apresentou o quarto maior faturamento do setor em 2008.
Podemos
identificar que a estrutura competitiva nesse segmento mostra-se num momento de
posicionamento dos principais líderes mundiais no mercado brasileiro. É uma
estratégia de marcar presença em um país com uma população de 192 milhões de
pessoas, eles buscam consolidar suas presenças nas regiões já ocupadas ao mesmo
tempo em que investem em novos mercados e parcerias.
A estratégia
de fusão e incorporação pode ser entendida a partir de três enfoques: para os
grupos internacionais foi a melhor opção para se estabelecer rapidamente no
Brasil; por parte dos grupos nacionais foi a oportunidade de se capitalizarem e
para os grupos já instalados no país foi a opção de se expandir em nível
nacional.
2 – Estratégia de Segmentação
Analisando-se
os supermercados brasileiros, o padrão encontrado é uma mistura de modelos
estrangeiros: o modelo americano que se caracteriza pelo grande espaço na área
de vendas e o auto-serviço quase que incondicional - embalagens prontas, pacotes fechados e com o
peso aferido sem a interferência ou solicitação especial do cliente, e o modelo
europeu que valoriza o atendimento personalizado - padaria e açougue, entre
outros setores. Podemos caracterizar as lojas de auto-serviços como: os
hipermercados, que mantêm uma área de vendas média de 9 mil metros quadrados e
negocia 70 mil itens; os supermercados que têm de 2,5 a 4,5 mil metros
quadrados em média e dispõem de um mix de produtos que vai de 12 mil a 20 mil
itens.
Os
supermercados hoje estão sendo classificados no conceito de lojas de
vizinhança, de formato menor e localizadas perto dos fregueses. Esta é uma
tendência mundial: na Europa, os hipermercados perdem espaço para os
supermercados; as lojas de vizinhança, por sua vez, se segmentam em duas vertentes:
direcionada às classes de renda mais alta e uma outra para o segmento popular,
no foco das classes C, D e E.
O segmento de
varejo popular é o que mais cresce no Brasil. Os principais grupos de varejo em
atuação lançam novas bandeiras para alcançar os consumidores de baixa renda com
produtos mais baratos, feitos por fabricantes de menor preço, se comparados a
empresas líderes, que dominam seus setores de atuação.
3 – Estratégia de associações –
Associativismo
Como resposta
ao nível de concentração no setor, os pequenos e médios supermercados se
mobilizam na formação de parcerias para fazer frente à expansão das grandes
redes. Com este enfoque surge o associativismo. O objetivo é a permanência no
mercado de pequenas e médias empresas e uma alternativa para a
profissionalização. Neste sentido, pequenos supermercadistas se unem para
formar centrais de compras. A estratégia é criar escala, evitar intermediários
e comprar produtos básicos e de alto giro diretamente da indústria, com
economia média de 10% no preço. O conceito é justamente reunir forças e criar
sinergia entre os associados, desenvolvendo uma melhoria no atendimento e na
qualidade dos serviços. A estratégia do associativismo, além de se concentrar
na logística e na obtenção de preços melhores nas negociações de compra com os
fornecedores, é implementar uma padronização nas lojas, no atendimento e no
marketing da rede e por conseqüência na imagem dos associados. Com uma visão de
longo prazo, as redes planejam a construção de centro de distribuição e
armazenagem e investimentos em tecnologias. Em curto prazo, as redes implementam
encartes promocionais em conjunto, uniformes para os funcionários, letreiros
para loja e a emissão de cartão de crédito próprio de compra, facilitando o
financiamento para os clientes.
4 – Estratégia de lançamentos de
marca própria
O
lançamento de marca própria pelos supermercados é uma tendência mundial. Esta
estratégia busca aumentar o poder de força dos supermercados junto aos
principais fornecedores e oferecer aos clientes produtos que podem chegar a ser
30% mais baratos em relação à marca líder. O lançamento de produtos com nome
próprio visa a fortalecer a marca e a imagem da empresa junto a seus clientes.
A estratégia se concentra geralmente nos produtos de alimentação, limpeza
caseira, higiene, bazar e têxtil.
5 - Estratégia de adoção de tecnologias
O setor
de supermercados, no Brasil, é considerado como um dos segmentos que mais
utilizam tecnologias na realização dos serviços prestados, mesmo considerando
que o uso da tecnologia está sendo mais difundido no sentido de automatizar
processos e operações do que propriamente agregar informações para um melhor
gerenciamento e condução dos negócios. De acordo com a EAN BRASIL – Associação
Brasileira de Automação Comercial, entidade responsável pela administração e
implantação do código de barras no país – o setor supermercadista lidera o
ranking de segmentos que mais utilizam a leitura óptica.. O uso de tecnologias
de informação no setor iniciou-se na retaguarda da organização, nos
departamentos de finanças, recursos humanos, contabilidade, e de forma
"burocrática" nos setores de compras e controle de estoque. Numa
segunda fase deu-se início à automatização das frentes das lojas. Esta etapa
culminou com a introdução maciça de tecnologias como: código de barras, leitura
óptica/scanners, PDV/check out (com balanças eletrônicas e preenchimento de
cheques), etiquetas eletrônicas nas prateleiras, transferência eletrônica de
fundos, smartcard e outras tecnologias que objetivam otimizar a passagem dos
clientes pelos caixas e tornar os PDV mais produtivos. A importância
estratégica do uso de tecnologia pelo segmento de varejo está concentrada em
três atividades fundamentais que são: a logística (Supply Chain), a implantação
do conceito de ECR (Efficient Consumer Response, ou Resposta Eficiente ao
Consumidor) e no Comércio Eletrônico.
►Suply Chain - tem a função de tornar a cadeia de suprimento
eficiente, reduzir perdas, evitar a burocracia, garantir o abastecimento e
diminuir o preço final do produto. O uso de tecnologias de informação é fator
primordial para a eficácia deste novo conceito de administração de compras,
estoques e de distribuição. O EDI (Eletronic Data Interchange) é ainda a
ferramenta mais importante e mais utilizada na relação entre o supermercado, os
principais fornecedores, o Centro de Distribuição (CD) do grupo e as empresas
de transportes. Este conjunto de agentes pode ser caracterizado como a
estrutura logística da organização. O uso de EDI é utilizado no processo de
compras das empresas (comércio eletrônico B2B - business to business). Todo o
processo comercial (cotação, orçamento, fechamento do pedido, emissão de ordem
de compra e envio de nota fiscal) entre supermercados e fornecedores é
realizado de forma eletrônica. A adoção desta estratégia garante um maior
dinamismo e eficiência no processo de compra, o que impacta diretamente na
diminuição dos níveis de estoque nas lojas e das faltas dos produtos nos pontos
de vendas, permitindo uma reposição contínua. Para isto os principais
fornecedores devem estar integrados com os principais varejistas e de forma
direta ou indireta controlar os estoques nas lojas.
►ECR
(Efficient Consumer Response) - O
ECR é uma ferramenta estratégica de gestão que tem o objetivo de identificar o
perfil dos clientes e suas necessidades. Tem como foco montar o mix ideal de
linhas de produtos para cada loja, onda se possa conhecer quais são os produtos
mais vendidos por dia de semana e por período do dia (manhã, tarde e noite).
Esta ferramenta não só indica o mix de produtos adquiridos pelos clientes como
também as relações de categorias vendidas em conjunto.
►Comércio
Eletrônico (CE) - A adoção do comércio virtual,
direcionado ao consumidor, é uma estratégia ainda pouco explorada pelo setor
supermercadista. De acordo com a revista SuperHiper, de setembro de 2000, em
pesquisa realizada junto a 52 redes de varejo, 1% das vendas ocorrem pela
Internet e 4% por telefone. A previsão para 2003 é que a Internet seja
responsável por 9% das vendas e o telefone e fax por 10%.
6 – Emprego no Setor
Fusões,
incorporações, adoção de novas tecnologias, enfoque logístico, lançamento de
marcas próprias e comércio eletrônico são estratégias que podem garantir um
aumento no faturamento e a elevação dos lucros. Entretanto, neste cenário, não
está claro qual o novo papel a ser desempenhado pelo trabalhador e qual o
benefício que o mesmo terá direito. Se, pelo lado da gestão, a visão torna-se
mais profissional, deixando o lado mais familiar da gerência em um segundo
plano, no enfoque operacional as mudanças ocorrem através da terceirização da
mão-de-obra e do afastamento do prestador de serviços de dentro da loja. Hoje,
um dos únicos contatos da organização com os clientes são os operadores de
caixas. Isto tem como conseqüência uma elevada diminuição da importância do
trabalhador nas estratégias da organização.
7 – Comportamento do Consumidor
Realizar
compras mensais nos supermercados, com carrinhos cheios, não é mais tão comum.
Hoje, os consumidores vão mais vezes aos estabelecimentos e levam menos
produtos para casa. Quando os preços nas gôndolas mudavam da noite para o dia,
nos anos 1980, o consumidor não perdia tempo e levava o que podia, enchendo o
carrinho. Os altos índices de inflação e a possibilidade de não encontrar os
produtos na prateleira fizeram com que a visita ao supermercado se limitasse a
uma vez por mês. Hoje, os tempos são outros. Apesar da crise, a instabilidade
econômica brasileira pertence ao passado e os índices de inflação estão
controlados. Com isso e com o aumento da renda verificado nos últimos anos, o
consumidor vai seis vezes ao supermercado, porém, as compras são menores: a
prioridade são os produtos que vão suprir necessidades pontuais.
Hoje, os
supermercados são responsáveis por 75% do abastecimento da população, mas, na
década de 60, esses estabelecimentos só respondiam por 15% do abastecimento. De
acordo com estudo realizado pela Nielsen, os supermercados costumam ter a
preferência de quem quer comprar produtos
de beleza e higiene. O estudo revelou que, entre 2007 e 2008, o
brasileiro deixou 54% do total gasto com esse tipo de produto nesse tipo de estabelecimento.
No período, o número de consumidores que vão até o supermercado para esta
finalidade subiu 5% entre 2007 e 2008. A frequência com que o consumidor comprou
produtos de higiene e beleza nesses estabelecimentos, porém, diminuiu 7%. As
bebidas, puxadas em grande parte pelo significativo aumento no consumo de
cervejas, cujo crescimento em volume foi de 5,1% em razão do aumento no consumo
da bebida nas residências (decorrência da famosa “lei seca”), elevaram sua
participação no faturamento dos supermercados de 10,7% no ano retrasado para
11,3% no ano passado.
8 – Regulamentações
Há varias regulamentações que envolve o setor supermercadista
e o varejo, dentre elas destacamos: o Anexo I – Check-out da Norma
Regulamentadora – NR 17 sobre ergonomia (Portaria n° 8 do Ministério do
Trabalho), criada para o varejo e o atacado com o objetivo de estabelecer
parâmetros e diretrizes mínimas para a adequação ergonômica das condições de
trabalho dos operadores de check-outs. Portanto, é necessária toda a atenção a
essa norma, que pode ser entendida como uma evolução natural das regras de
relação no trabalho, visando à qualidade de vida e segurança dos operadores de
check-outs, por meio dos conceitos ergonômicos. Fique atento às mudanças no
mobiliário e equipamento de check-out: atender às características dos
trabalhadores (áreas de visão e manipulação), verificando distâncias e alturas;
assegurar postura nas posições sentada e em pé; garantir espaço adequado para
movimentação; manter cadeira de trabalho; colocar apoio para os pés; adotar
sistema com esteira eletromecânica nos check- outs com comprimento de 2,70 m ou mais; entre outras
condutas; e que há quase quatro anos, o setor supermercadista obteve grande
avanço no âmbito da precificação de produtos. Por meio da lei nº 10.962,
sancionada pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 11 de
outubro de 2004, os supermercados deixaram de ter a obrigação de marcar os
preços dos produtos em todos os itens, dispondo de recursos alternativos como
código referencial e código de barras. A lei, conforme o seu art. 1°, veio para
regular as condições de oferta e afixação de preços de bens e serviços para o
Consumidor. Assim, além da precificação direta ou impressa na própria embalagem
— recurso ultrapassado — os supermercados puderam avançar dispondo das
conhecidas etiquetas de gôndola (código referencial) e dos leitores óticos. As
novas maneiras de precificar permitiram ao setor reduzir custos, além de
conferirem maior agilidade na realização de ofertas promocionais no
ponto-de-venda, proporcionando maior segurança e rapidez ao Consumidor e para
as suas compras.
9 – Tendências Futuras
Existe a
tendência de que, em alguns supermercados, os clientes cadastrados já levem no
carrinho de compras um leitor portátil de código de barras, onde o próprio
cliente passará as mercadorias na frente desse leitor. Ao chegar ao caixa, as
informações armazenadas no aparelho serão transferidas instantaneamente, para o
terminal PDV. Bastará, então, efetuar o pagamento e empacotar as compras, o que
diminuirá o tempo gasto nas filas, fortalecendo ainda mais o auto-atendimento.
O varejo é um
dos setores mais sensíveis às mudanças no perfil do consumidor. É onde se
percebe mais rapidamente as transformações na renda e no comportamento de compra.
Os supermercados, por exemplo, estão tendo de se reinventar para atender um
novo mercado. O grupo Pão de Açúcar lançou no ano passado a bandeira Extra
Fácil, para lojas com área de no máximo 200 metros quadrados .
A nova marca do grupo é um misto de padaria e loja de conveniência, instalado
em áreas de passagem (próximas, por exemplo, às estações do metrô) e nos
bairros de renda mais alta. "Notamos que os solteiros e os sem-filhos não
costumam ir a um grande supermercado", diz Sylvia Leão, diretora da Extra
Fácil. Boa parte dos 3 000 itens oferecidos nas lojas é vendida nas menores
porções disponíveis pelos fabricantes. Pode parecer um mercado pequeno, mas não
é. O Carrefour testa em
Porto Alegre o mesmo estilo de loja, sob a marca Carrefour
Express. Os dois varejistas não estão inventando a roda.
Os supermercados de bairro têm
crescido, atendendo o consumidor que realiza compras de primeira necessidade e
oferecendo uma diversidade de serviços, como o recebimento de contas bancárias,
de caixas eletrônicos, recarga de celulares, o que contribui para o crescimento
da atividade. O segmento vem procurando agregar valor e atingir uma maior
eficiência operacional, através do uso de tecnologias de informação, que
viabilizam novos canais de venda e servem de mecanismo para o aprimoramento da
governança, entre outros fatores, tais como uma direção mais profissional.
Outro movimento importante que
vem ocorrendo nas redes de supermercados, principalmente entre as líderes, é a
estratégia de ampliar as vendas dos não-alimentos, com receitas e margens
diferenciadas. Nos últimos anos, foi relevante o crescimento das linhas de
eletrodomésticos, eletrônicos e de produtos de informática. Na busca por
serviços adicionais, as redes entraram em novos negócios, como postos de
combustíveis, farmácias, agências de turismo e laboratórios digitais. Para
melhorar a produtividade das operações, as grandes redes investem em
treinamento de funcionários, programas de prevenção de perdas e desperdícios e
gestão mais eficiente.
9 - Opinião dos especialistas
Os especialistas acreditam que o comércio
eletrônico não prevalecerá em relação às lojas físicas, mas consideram também
que a compra virtual, inclusive de alimentos, deverá crescer. Silvio Laban,
vice-coordenador do Centro de Excelência de Varejo da FGV-SP, lembra que só
agora começa a entrar no mercado de trabalho o público que era criança em 1994,
quando a internet foi introduzida no Brasil. Para essa moçada, o acesso à web é
algo natural. Ou seja, cresceram acostumados a ela. Portanto, conforme forem
conquistando maior poder aquisitivo, tenderão a comprar mais pela internet. “E
isso abre um desafio às lojas físicas: o de criar uma experiência de compras
que supere a comodidade da compra virtual”, diz o especialista. Usar a tecnologia
dentro dos supermercados é outra alternativa. Na Future Store, mantida pelo
grupo alemão Metro, já existem ensaios para garantir uma boa experiência. A
loja emprega tecnologia para criar uma “ambientação” sonora. “Na área da
peixaria, por exemplo, o consumidor ouve barulho do mar. Já na seção de
bicicletas encontra sons de natureza”, conta Laban. Alejandro Padron, executivo
de consultoria da IBM, também aposta na tecnologia para atrair clientes até a
loja. Ele afirma que um sistema de informática permitirá que o supermercado
identifique a presença dos consumidores na vizinhança, a partir de seu cartão
fidelidade. Nele, haverá dados sobre as últimas compras, permitindo que o
computador envie para o celular do cliente informações de descontos, novas versões,
etc, dos produtos que ele mais consome.
O mix será especializado, segundo
Fernando Fernandes, sócio da consultoria Booz & Company, essa
especialização será vista principalmente nas redes médias. “Elas deverão atuar
com nichos. E isso vai exigir mix e atendimento voltados para grupos
específicos de clientes, estilos de vida ou regiões”, afirma. Para ele, essa
será a maneira de as empresas sobreviverem no mercado. Afinal, elas não possuem
a mesma escala de compras e operação dos grandes grupos nem o baixo custo
operacional dos pequenos supermercados. Fernandes conta que a Whole Foods, dos
EUA, é um exemplo de rede especializada. Trabalha com produtos orgânicos e
naturais.
Supermercado pequeno voltado para
conveniência, com alimentos prontos e semi-prontos, já é uma realidade e deverá
se proliferar ainda mais daqui para frente. “Com lojas pequenas e bem focadas,
será fácil e rápido mudar o mix e a exposição, de acordo com as necessidades do
consumidor”, afirma Alejandro Padron, da IBM. Ele lembra que a 7-Eleven do
Japão já trabalha dessa forma. Na parte da manhã, são expostas apenas soluções
para o café matinal. Depois, entram os pratos para o almoço e, à noite, as
refeições do jantar. Na pesquisa feita por SM, 55,3% dos respondentes acreditam
nesse tipo de mudança. Para eles, a exposição e o layout poderão mudar
automaticamente em função, por exemplo, de campanhas promocionais.
Ao mesmo tempo em que acreditam em mais
fusões e aquisições, os varejistas também consideram provável uma pulverização
do setor. Parece contraditório, mas os especialistas garantem que faz sentido.
De um lado, teremos grandes redes adquirindo empresas em locais onde ainda não
atuam e em regiões em crescimento. “A concentração acontecerá em um ritmo menor
do que a do início dos anos 1990. E aquele cenário de ultraconsolidação, que
chegou a ser previsto, dificilmente acontecerá”, comenta Fernandes. Ao mesmo
tempo, segundo ele, as lojas independentes continuarão ocupando espaços que os
grandes não conseguem, como bairros distantes. “E aí forma-se o ciclo: o
pequeno cresce e se torna médio, que se especializa em um nicho e depois é
comprado por um grande. O mercado é assim dinâmico”, conclui Fernandes.
Fontes de Pesquisa:
ü
Revista da Administração, São Paulo v35, n4,
p.72-83, outubro/dezembro 2000
ü
Tendências e paradoxos do varejo no Brasil –
Luiz Carlos Bresser Pereira
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Modernização produtiva dos supermercados: a
adoção de tecnologias de informação e comunicação – Lídia Micaela Segre e
Roberto Moura Bastos
ü
Uma análise do segmento de supermercados:
estratégias, tecnologias e emprego – Alexandre Werner e Lídia Micaela Segre
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InfoMoney
- Consumidores vão mais vezes aos supermercados, mas compram menos – 25/08/09
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Revista Exame – on line
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Valor Econômico – on line
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Carta Capital – on line
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Simpo 1 – 2009 –
A competitividade das centrais de negócios de supermercados
independentes - Alexandre Silva de Barros
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Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS
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Veja – on line
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APAS – Associação Paulista de Supermercados – on
line
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Supermercado Moderno – on line