O SETOR PÚBLICO E A REPÚBLICA VELHA (1889 A 1930)
O período
conhecido como República Velha durou de 1889 à 1930. Esse período é denominado
ainda de República dos Bacharéis e Republica Maçônica, uma vez que todos os
presidentes civis da época eram bacharéis em direito e quase todos eram membros
da maçonaria.
Historicamente,
este período é chamado de República Velha em contraposição ao período
pós-revolução de 1930, que é visto como um marco na história da República, uma
vez que gerou grandes transformações que você verá ao longo do texto.
Podemos
dividir a República Velha, para facilitar a nossa discussão temática, em dois
períodos. São eles:
O primeiro
de 1889 a
1884, chamado República da espada, foi o período dominado pelos militares; e
O
segundo, de 1895 a 1930, chamado de
República Oligárquica, foi o período dominado pólos Presidentes dos Estados.
PRIMEIRO PERÍODO: INÍCIO DA REPÚBLICA VELHA.
Com a
Vitória do movimento republicano liderado pelos oficiais do exército foi
estabelecido um governo provisório chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
- Durante o governo provisório, foi:
- Decretada a separação entre Estado e Igreja;
- Concedida a nacionalidade a todos os imigrantes residentes no Brasil;
- Nomeados os governadores para as províncias, que se transformaram em estados;
- Criada a bandeira nacional com o lema positivista, “ordem e progresso”; e
- Banida a família real do território brasileiro, que só retornou em 1922, após o falecimento da Princesa Isabel, herdeira do trono brasileiro.
Mas foi no
início de 1890 que começaram as discussões para a elaboração da nova
Constituição, que acabou vigorando durante toda a República Velha.
A promulgação da Constituição
aconteceu em 24 de fevereiro de 1891.
Constituição de 1891
Inspirada
na Constituição Americana, a Constituição de 1891 teve como principais autores:
Prudente de Morais e Rui Barbosa. Seu texto era fortemente
descentralizador, dando grande autonomia aos municípios e aos
estados. O regime de governo escolhido foi o presidencialismo e os membros dos
poderes Legislativo e Executivo passaram a ser eleitos pelo voto popular
direto.
O mandato do presidente da República foi
estipulado em quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato imediatamente
seguinte, sem, contudo, haver impedimentos para um mandato posterior. O mesmo
valia para o vice-presidente. Sendo que no caso de morte, renúncia ou
impedimento do presidente, o vice assumiria apenas até serem realizadas novas
votações, não precisando ficar até que fosse completado o respectivo quadriênio,
como ocorre atualmente.
No entanto, como não havia prazo para a
realização de novas eleições, se houvesse acordo político o vice poderia
terminar o mandato.
Quanto às regras eleitorais, ficou
determinado que o voto continuaria “a descoberto” (não-secreto) – a assinatura
da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória e foi decretado o fim do voto
censitário, que definia o eleitor por sua renda, embora ainda continuassem
excluídos do direito ao voto os analfabetos, as mulheres, os religiosos
sujeitos à obediência eclesiástica e os indigentes.
Além disso, foi reservada ao Congresso
Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos
federais, e às assembléias estaduais a regulamentação para as eleições
estaduais e municipais. O voto distrital permaneceu com a eleição de três
deputados para cada distrito eleitoral do país.
Nesta época o monopólio de registros civis
passou ao Estado, sendo criados os cartórios para os registros de nascimento,
casamento e morte. O Estado também assumiu, de forma definitiva, as rédeas da
educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e
intermediário, principalmente nas cidades mais importantes do país.
Além
disso, a Constituição garantia a liberdade de associação e de reunião sem
armas, assegurava aos acusados o mais amplo direito
de defesa, abolia as penas de galés, de banimento judicial e de morte,
instituía o habeas-corpus e as garantias de magistratura aos juízes federais.
Governos
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto
Com a promulgação da
Constituição, Deodoro da Fonseca passou a ser presidente constitucional eleito
pelo Congresso Nacional, com mandato até 15 de novembro de 1894.
Porém, devido à crise gerada
pela política econômica do governo, Deodoro renunciou à presidência em 23 de novembro
de 1891 e o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o poder até 1894.
Governo
Prudente de Morais
Este foi um período de transição
entre a República da Espada e a República Oligárquica. Neste período do governo
de Prudente de Morais, primeiro civil a assumir a
Presidência da República, os militares tinham ainda bastante poder
político.
Somente com o desgaste sofrido com a Guerra dos Canudos e o assassinato do
ministro da Guerra, foi que os militares se afastaram do poder, voltando à
política somente entre 1910
e 1914, no governo do Marechal Hermes da Fonseca, e no movimento denominado
tenentismo ocorrido no início do ano de 1920.
Neste período tenentista o
Exército brasileiro enfrentou grandes dificuldades – faltavam armamentos,
cavalos, medicamentos e instrução para a tropa. Os soldos permaneciam baixos e
o governo não fazia menção de aumentá-los. Esta situação afetava
particularmente os tenentes. Neste quadro de crescente insatisfação eclodiram
diversos movimentos militares. A presença
significativa de tenentes na condução desses movimentos deu origem
ao termo “tenentismo”.
Os principais movimentos tenentistas da década de 1920 foram
os 18 do Forte, os levantes de 1924, e a Coluna Prestes.
As propostas políticas dos tenentes, de uma maneira geral, se vinculavam
ao nacionalismo e à centralização política, opondo-se ao domínio político de
Minas Gerais e São Paulo. Entre outras
reformas, os tenentistas defendiam o voto secreto, a independência
do Poder Judiciário e um Estado mais forte. Assim, podemos afirmar que, de
fato, a República Oligárquica só se consolidou em 1898, com a posse do segundo
presidente civil, Campos Salles.
SEGUNDO PERÍODO: OS GOVERNOS DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA E A POLÍTICA DOS
GOVERNADORES
O Presidente Campos Sales
consolidou uma característica peculiar da política brasileira durante a
República Oligárquica: a “Política dos Estados”, conhecida também como “Política
dos Governadores”. De acordo com essa obra de engenharia política, o poder
federal passou a não interferir na política dos estados e esses não interferiam
na política dos municípios, garantindo-lhes a autonomia política. O Presidente
da República apoiava os atos dos presidentes estaduais, como a escolha dos
sucessores desses presidentes de estados, e, em troca, os governadores passaram
a dar apoio e suporte ao governo federal, colaborando com a eleição de
candidatos para o Congresso Nacional.
A Política dos Estados
significava, na verdade, a impossibilidade da oposição assumir o poder, uma vez
que os representantes populares eram escolhidos mediante pactos entre o governo
federal e as elites estaduais, legitimadas por eleições pouco confiáveis, sem
espaço para candidatos independentes. Nesta época era a “Comissão de
Verificação de Poderes” do Congresso Nacional o órgão encarregado de fiscalizar
o sistema eleitoral. Esta Comissão
dificilmente ratificava parlamentares eleitos que não apoiassem a “Política
dos Estados”.
Você sabe nesta época quem era o responsável
em organizar a vida política, diretamente no contato com a população, nos municípios?
Este período foi marcado pelo
coronelismo. Quem organizava a vida política, diretamente no contato com a população,
nos municípios era a figura carismática do “coronel”.
O coronel, apesar do nome, era
um líder civil, comumente um fazendeiro que dominava a política local. O
coronel era o único elo de ligação entre a população e o poder estatal. O
coronel garantia os votos locais do presidente do Estado, em troca do apoio do governador
à sua liderança política no seu município.
Durante a República Oligárquica
houve diversas revoltas, tais como: a Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata,
a Guerra do Contestado, a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, o Movimento Tenentista
e a Revolução de 1930, que colocou um fim neste período histórico, e será alvo
de nossa análise mais adiante.
No campo da economia, foi um
período de modernização, com grandes surtos de industrialização, como o
ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial. Porém a economia continuou dominada
pela cultura do café até a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque,
em 1929. Foi neste período que ocorreram também as primeiras greves,
com o crescimento de movimentos anarquistas e comunistas nos grandes centros
urbanos do país.
A Revolução de 1930 e o fim da República Velha
As eleições presidenciais de 1930
foram vencidas, pela contagem oficial, pelo candidato Júlio Prestes, presidente de São Paulo, que
tinha o apoio do presidente Washington Luís.
Contudo, a oposição, não aceitou
a derrota de Getúlio Vargas e iniciou a Revolução de 1930. Esta revolução, que
tinha como líderes Getúlio Vargas, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
(ex-presidente de Minas Gerais) e tenentes, começou em 3 de outubro de 1930,
sem enfrentar grande resistência, uma vez que a repulsa ao modelo
liberal-oligárquico da Velha República há muito vinha crescendo e ganhando
apoio de vários presidentes de Estado fora do eixo São Paulo/Minas Gerais.
Em 3 de
novembro de 1930, Getúlio Vargas toma posse como presidente da República, pondo
fim à República Velha.
Contudo é importante destacarmos
que foi a crise de 1929, que arruinou a maioria dos fazendeiros de café, que
deu condições políticas para a vitória de Vargas na Revolução de 30.
Esta crise econômica atingiu os
EUA, se estendeu por todo o mundo capitalista e terminou apenas com a Segunda
Guerra Mundial. Este período de recessão econômica causou altas taxas de
desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto, com grande queda na
produção industrial, no preço das ações, e em praticamente todos os indicadores
de atividade econômica, em diversos países no mundo.
A ERA VARGAS
Considerado por muitos, como o personagem
brasileiro mais influente do século XX, Getúlio
Dornelles Vargas em 1929 candidatou-se à
presidência da República na chapa oposicionista da Aliança Liberal. Derrotado,
chefiou o movimento revolucionário de 1930, por
meio do qual assumiu o Governo Provisório. Em 1934, foi eleito
presidente, de forma indireta, com mandato até 1938.
Em 1937 instaurou o Estado Novo,
determinou o fechamento do Congresso, outorgou uma nova Constituição, que lhe
conferiu o controle dos poderes Legislativo e Judiciário, e determinou o
fechamento dos partidos políticos.
Com o fim da Segunda Guerra em
1945, as pressões em prol da redemocratização ficaram mais fortes, e então
Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945, por um movimento militar liderado
por generais que compunham o seu próprio ministério.
Afastado do poder, Vargas foi
para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul. Mas, nas eleições para a
Assembléia Nacional Constituinte de 1946, foi eleito senador por dois estados e
deputado federal por sete estados. Nas eleições presidenciais de 1950, Vargas é
eleito presidente da república com ampla margem de votos.
No segundo período, o seu
governo foi marcado pela retomada da orientação nacionalista, cuja expressão
maior foi a luta para a implantação do monopólio estatal sobre o petróleo, com a
criação da Petrobrás, e pela progressiva radicalização política.
Vargas enfrentava oposição cerrada por parte
da UDN, em especial do jornalista Carlos Lacerda, proprietário do jornal
carioca Tribuna da Imprensa, situação que o leva ao suicídio em 1954.
Assim podemos observar que durante os 20
anos de poder, Vargas imprimiu profundas transformações no sistema político, econômico
e administrativo brasileiro. Tal foi a importância das duas passagens de
Getúlio Vargas pelo governo que, ainda hoje, os livros de história referem-se a
esse período como a Era Vargas.
O primeiro período, de 1930 a 1945, foi marcado por
diferentes fases. Tendo sido derrotado na eleição para presidente da República
em 1930, Getúlio liderou um movimento que derrubou o governo de Washington Luís
e assumiu o poder, em 3 de novembro de 1930.
Após este período tivemos a Revolução
Constitucionalista de 1932 – iniciada em São Paulo – que durou três meses, de
julho a outubro de 1932. Esta Revolução foi conseqüência da campanha constitucionalista
iniciada em 1931. No final de 1931 e início de 1932, Vargas procurou conter as
críticas organizando uma comissão encarregada de organizar o novo Código
Eleitoral.
Os sinais de trégua emitidos por Vargas, no
entanto, não apaziguaram os ânimos e neste cenário tivemos a formação da Frente
Única Paulista (FUP), cujos principais lemas eram a
constitucionalização
do país e a autonomia de São Paulo. Mas, no início de 1932, com a morte de
quatro estudantes paulistas em confronto com forças legais, foi criado o
movimento MMDC – iniciais dos nomes dos estudantes mortos, Miragaia, Martins,
Dráusio e Camargo. O episódio foi o estopim da Revolução de 1932.
Em 9 de julho o movimento revolucionário
ganhou as ruas da capital e do interior de São Paulo. A revolução teve apoio de
diversos setores da sociedade paulista. Pegaram em armas
intelectuais,
industriais, estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos
ligados à República Velha ou ao Partido Democrático. A luta armada dos
constitucionalistas ficou restrita
ao
estado de São Paulo. Isolados, os paulistas não tiveram condições de manter por
muito tempo a revolução. Em outubro de 1932 assinaram a rendição.
Após esta revolta dos paulistas
contra o governo Vargas é que foi redigida a constituição de 1934, que manteve
Vargas no poder até 1938, quando então foram realizadas novas eleições.
Em 1937,
Getúlio institui o Estado-Novo; fechou o Congresso; dissolveu os partidos
políticos; e passou a governar de modo ditatorial até o final da Segunda Guerra
Mundial, em 1945.
Retirado do poder por um golpe militar,
que convocou uma Assembléia Constituinte e promoveu eleições gerais em 1946,
Getúlio volta como candidato em 1950, e se elege presidente da República.
Este segundo período de Vargas
foi de 1950 a
1954, quando dramaticamente ele se suicidou, com um tiro no coração, dentro do palácio do governo, no dia 24
de agosto, após se ver confrontado com a eminência da renúncia ou deposição na
reunião ministerial realizada na madrugada de 23 para 24 de agosto. Vargas
deixou escrita uma carta-testamento, em que acusava os inimigos da nação como
os responsáveis porseu suicídio.
As transformações no campo
político, econômico, social e cultural, promovidas por
Getúlio Vargas estão bem resumidas no texto do Centro de Pesquisa
e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio
Vargas.
No plano político, a Revolução de 1930 produziu um movimento de
centralização que transferiu o poder dos estados da federação para o governo
central, o qual passou a assumir papel crescente na sociedade e na economia.
No plano econômico, teve lugar um intenso movimento de industrialização
e urbanização que, nos anos 50, se fez acompanhar de políticas deliberadas de
desenvolvimento.
O processo de modernização envolveu um Estado capaz de agir
sobre setores da economia e a criação de diferentes órgãos para a implementação
das novas políticas. No plano social, foi criado o Ministério da Justiça, assim
como a Justiça do Trabalho, para atuar nas relações entre o capital e o
trabalho. A ação do Estado, regulando as atividades profissionais e a estrutura
sindical com o imposto único, permaneceu como legado da Era Vargas. No plano cultural,
o governo criou instituições que atuaram nos campos da educação formal, do
teatro, da música, do livro, do rádio, do cinema, do patrimônio cultural, da
imprensa.
Abriu espaço para a crescente participação dos intelectuais no
projeto de construção de uma identidade nacional. Pretendeu modernizar,
resgatando as tradições nacionais através da ação do Estado no campo da cultura
Disponível em: <http://tinyurl.com/llacoh>. Acesso em: 15 jul. 2009.
A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Getúlio Vargas organizou o aparelho
do Estado seguindo o modelo burocrático weberiano. Neste modelo de
departamentalização, proposto por Max
Weber, a estrutura administrativa era ocupada por
funcionários recrutados via concurso público e promovidos meritocraticamente.
Esta foi uma das marcas da profissionalização
da administração pública sendo adotada pela maioria dos países desenvolvidos.
E no Brasil, você sabe quando e como foi implantado
o modelo burocrático?
No Brasil, o início do modelo
burocrático ocorreu durante o primeiro período do governo Vargas, por meio de
uma linha autoritária-modernizadora. O vácuo, deixado pela política
liberaldemocrática excludente da Velha República, foi preenchido pela política
centralizadora, porém modernizante e includente de Getúlio Vargas, que criou o
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde
em 1930, a
Universidade do
Brasil e o Serviço do Patrimônio Histórico Nacional em 1937, além do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 1938.
Para organizar a seleção e
treinamento do funcionalismo público, foi criado, em 1938, o Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP), que implantou o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, algo
até então inexistente no país.
Outro aspecto que sofreu vários
avanços no governo de Vargas diz respeito às políticas trabalhistas. Conheça a
seguir alguns desses aspectos:
- Aprovação,
em 1931, da Lei de Sindicalização, que estabeleceu a unicidade sindical
(apenas um sindicato por categoria e por base territorial);
- Implantação,
em 1932, da jornada de trabalho de 8 horas (concedida aos comerciários e
aos industriários), das férias remuneradas (concedidas aos bancários e industriários)
e da carteira de trabalho, que deu acesso aos direitos trabalhistas e
previdenciários;
- Criação,
em 1933, dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, precursores do INSS;
- Fundação,
em 1939, da Justiça do Trabalho; e
- Instituição, em 1940, do Salário Mínimo.
Para organizar o processo
eleitoral, em 1932, foi aprovado o Código Eleitoral, que estendeu o direito de
voto às mulheres, implantou o sistema de voto secreto, além de criar a Justiça
Eleitoral.
Já na área econômica, o governo
Vargas deu forte impulso à industrialização do país, principalmente no setor de
base. Em 1941, foi criada a Companhia Siderúrgica Nacional e em 1942, a Companhia Vale do
Rio Doce. No segundo governo Vargas, foram criados ainda o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952 e a Petrobrás em 1953.
Durante
o período de 1931 a
1954, que abrangeu dois governos: Vargas e o governo Dutra, a inflação anual média
do país foi de 9,17 % e o crescimento anual médio do PIB foi de 5,31 %. Números
importantes, tendo em vista que a maioria dos países do mundo sofreu forte impacto da quebra da Bolsa
de Nova Iorque, em 1929, e da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945.
Como você pode observar foi nos
governos Vargas que surgiram as bases para a modernização econômica, política e
administrativa do país. Mais importante, porém, do que essas realizações,
afirmam Sérgio Besserman Vianna e André Villela, foi “a incorporação, pela
primeira vez na história brasileira, do povo (classe trabalhadora) como agente
político relevante. Esse fato – ao mesmo tempo inédito e auspicioso – imprimiu
nova dinâmica ao processo político do pós-guerra, permitindo importantes
avanços na construção da democracia no país”.
Assim podemos afirmar que, independente das virtudes e defeitos
pessoais e da ação política desenvolvida por Getúlio Vargas, sua passagem pelo
comando do setor público brasileiro estabeleceu um verdadeiro divisor de tempo.
O Brasil foi um antes de Vargas e passou a ser outro depois de Vargas.
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