segunda-feira, 23 de junho de 2025

Reflexões

 Já se perguntou por que algumas das pessoas que mais amamos também são as que mais nos ferem?

Essa reflexão vai fundo na raiz das nossas dores emocionais: a expectativa que criamos — e o poder que entregamos sem perceber.

Leia até o fim e veja como isso se conecta com escolhas, alianças e até com as forças invisíveis que invocamos no dia a dia.


Vivemos num mundo instável, onde o mesmo fato pode ser celebrado hoje e lamentado amanhã.

Essa reflexão nasceu de uma sequência de pensamentos sobre o poder, o afeto, e os riscos invisíveis de entregar nossa paz nas mãos de outros — seja por amor, fé, ou necessidade.

Aqui, compartilho uma conclusão simples, mas difícil de encarar: muito do que nos fere vem de dentro — daquilo que esperamos, idealizamos, e deixamos entrar.






O Peso da Expectativa



Reflexão final sobre o poder que concedemos e a dor que ele traz


O mesmo fato pode ser júbilo hoje, desgraça amanhã.

A mesma pessoa que hoje abraçamos com confiança, amanhã pode nos ferir com palavras ou omissões.

A mesma escolha que ontem nos salvou da queda, amanhã poderá nos lançar de um abismo mais profundo.


Isso não acontece porque o mundo é cruel, ou porque as pessoas são essencialmente más. Acontece porque o ser humano é instável, fragmentado e movido por algo terrível e sutil: a expectativa.


Não é o outro que nos destrói.

É a distância entre o que esperávamos dele e o que ele, de fato, nos entregou.

É o ideal que criamos e colocamos sobre seus ombros — sem que ele sequer soubesse disso.


Quem está mais perto de nós tem mais acesso ao nosso centro.

E, por isso, tem mais poder para nos abalar — para o bem ou para o mal.

Mas esse poder não está nele. Está em nós, que o concedemos.

E o que o sustenta, o que alimenta essa força, é a expectativa projetada.


Toda força invocada — seja ela espiritual, emocional ou política — vem com um custo.

Nenhum poder superior responde a um chamado por acaso. Ou ele obedece por estar temporariamente sob controle… ou porque deseja algo em troca.

Em ambos os casos, o risco é de quem invoca.


Esse mesmo princípio vale para as relações humanas:


  • O amor que projetamos sem ver o outro como ele é, cedo ou tarde vira ressentimento.
  • A ajuda que parece bondade hoje, pode ser uma prisão amanhã.
  • O aliado que hoje diz “sim” com gentileza, pode cobrar um preço impagável no futuro.



O que fere não é a pessoa, o evento, o fracasso ou a resposta fria.

O que fere é a expectativa não correspondida.

E quanto maior a intimidade, maior o impacto da quebra.


O único caminho possível é o da lucidez:


  • Amar sem exigir.
  • Esperar sem idealizar.
  • Aproximar-se sem perder o eixo.
  • E conceder poder apenas a quem é capaz de sustentá-lo com responsabilidade — inclusive nós mesmos.



Tudo aquilo que nos toca, antes passou pela porta da nossa permissão.


Toda dor carrega um pacto não assinado com a imagem que criamos do outro.



Nenhum comentário:

Postar um comentário