A
Antigüidade caracteriza-se por ter sido uma época particularmente profícua para
as ciências. Seus pensadores e filósofos criaram e desenvolveram muitas áreas
do conhecimento humano, com tal profundidade que até hoje se fazem sentir os
efeitos de seus trabalhos. No que se refere à administração, nunca foram
encontradas obras que comprovem seu desenvolvimento na Antigüidade. Entretanto,
a construção de uma pirâmide, a estrutura de uma cidade como Atenas e a administração
de um império tão vasto como o Império Romano certamente revelam conhecimentos
de administração.
A
primeira pergunta que surge é por que a administração não recebeu igual
tratamento na época, porque a realidade contemporânea torna mais fácil a compreensão
deste fenômeno. Predominava, nessa época, um forte preconceito em relação ao
trabalho, a tal ponto que era considerado uma atividade desprezível.
Uma
das principais razões para esse preconceito foi a escravidão, que na época era
legalizada, oferecendo solução fácil aos problemas práticos, e, ao mesmo tempo,
criando uma inevitável correlação entre trabalho e escravo. Outra razão, também
importante, foi a orientação dos povos primitivos para a guerra, onde se
sobressai a importância social do soldado e consequentemente a inferioridade
social daqueles que trabalhavam e que, portanto, não podem dedicar-se às
guerras.
Os
antigos acreditavam que havia dois campos antagônicos e possíveis de atuação: o
intelectual, cabível aos cidadãos, e o material, cabível aos escravos. A
aplicação das ciências em problemas práticos era condenada.
Até o
início do século XX a Administração teve um progresso lento. Nenhum um grande
acontecimento havia mudado sua trajetória de desenvolvimento cadenciado, embora
fatos cronológicos registrem que os Egípcios no ano 4000 A. C. já tinham
reconhecido as necessidades de planejar, organizar e controlar. Daí por diante
vários outros fatos narrados ilustram a evolução de técnicas de Administração
de forma moderada.
Além
das várias contribuições isoladas desde os Egípcios até 1900, ano que o
engenheiro americano Frederick W. Taylor inicia a sua Administração Científica,
a Administração anteriormente se apropriou de técnicas de funcionamento
adquiridas com base na influência de várias
organizações e grupos de pessoas.
INFLUÊNCIAS DOS FILÓSOFOS.
Sócrates,
filósofo grego (470 a. C. – 399 a. C.), já expunha seus pontos de
vista sobre a Administração considerando-a como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da
experiência.
Platão
(429 a. C – 347 a . C.), também filósofo grego, discípulo de Sócrates, em seu
livro a República expressa sua interpretação sobre a democracia de governo e de
administração dos negócios públicos.
Aristóteles
(384 a . C. – 322 a . C.), outro filósofo
grego, discípulo de Platão, no seu livro a Política, estuda a organização do
Estado e distingue três formas de administração pública, a saber:
1-Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em
tirania);
2-Aristocracia ou governo de uma elite (pode descambar em oligarquia);
3-Democracia ou governo do povo (que pode degenerar
em anarquia).
INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA
No decorrer de anos as práticas Administrativas e princípios de
organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados para as
instituições nascentes como a Igreja Católica e as organizações militares. Daí
por diante ao longo dos séculos a Igreja Católica foi estruturando a sua
organização, sua hierarquia de autoridade, seu estado-maior
(assessoria) e sua coordenação funcional, tornando-a simples e
eficiente, com capacidade de funcionar satisfatoriamente toda sua organização
mundial sob o comando do Papa.
INFLUÊNCIA
ORGANIZAÇÃO MILITAR
O funcionamento da organização
militar muito serviu como base para a Administração, principalmente com relação
a organização linear, o princípio da unidade de comando, a
escala hierárquica. Com as batalhas de longo alcance, o comando das
operações de guerra exigiu planejamento e controle centralizados em
paralelo a operações descentralizadas, ou seja passou-se à centralização do
comando e à descentralização da execução.
A organização militar também foi responsável pela criação do (staff) assessoria,
composto por oficiais que trabalhavam independente dos de linha, numa nítida
separação entre o planejamento e a execução das operações de guerra. Os
oficiais formados no estado-maior eram transferidos posteriormente para
posições de comando (linha) e novamente para o estado-maior, o que assegurava
uma intensa experiência e vivência nas funções de gabinete, de campo e
novamente de gabinete.
Uma outra contribuição da organização militar é o princípio de direção,
por meio do qual todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e
aquilo que ele deve fazer.
No início do século XIX, Carl von Clausewtiz (1780-1831), general
prussiano, escreveu um “Tratado sobre Guerra e os Princípios de Guerra”, onde
afirmava a disciplina como um requisito básico para uma boa organização,
sem abdicar de um cuidadoso planejamento para o qual o Administrador
deve aceitar a incerteza para poder minimiza-la.
INFLUÊNCIA
DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736 – 1819) e sua
posterior aplicação à produção, uma nova concepção de trabalho modificou completamente a estrutura social, comercial,
econômica e política da época.
A revolução
industrial pode ser dividida em duas épocas distintas:
1780 a 1860 – 1a. Revolução Industrial ou
revolução do carvão e do ferro.
1860 a 1914 – 2a. Revolução Industrial ou
revolução do aço e da eletricidade.
A 1a.
Revolução Industrial foi dividada em 4 fases:
-
1a fase.
-
-
A mecanização da industria e da agricultura. O
aparecimento da máquina de fiar em 1767,
tear hidráulico 1785, descaroçador de algodão 1792, substituindo o trabalho do
homem,do animal e a roda de água. Eram máquinas pesadas. O descaroçador tinha
capacidade para trabalhar mil libras de algodão, enquanto no mesmo tempo um
escravo conseguia trabalhar cinco.
2a. fase.
-
Aplicação da força motriz à industria. Começa a grande
transformação com a aplicação da máquina a vapor convertendo a oficina em
indústria, agilizando os transportes, mecanizando a agricultura e facilitando as comunicações.
-
3a. fase.
-
Desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua
pequena oficina desaparecem, dando lugar ao operário, às fábricas e às usinas,
baseada na divisão do trabalho. Surgem novas industrias em detrimento das
atividades rurais. A migração de massas humanas das áreas agrícolas para proximidade das fábricas
provoca o crescimento das populações urbanas.
-
4a. fase.
-
Aceleramento dos transportes e das comunicações. Surge
a navegação a vapor nos Estados Unidos em
(1807) e logo as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A
locomotiva a vapor foi aperfeiçoada, surgindo a estrada de ferro na
Inglaterra em 1825 e em 1829 nos Estados
Unidos. Morse inventa o código Morse em 1835 e Bell e o telefone em 1876.
A 2a. Revolução industrial é provocada por três
acontecimentos importantes:
-
Desenvolvimento do
processo de fabricação do aço(1856),
-
Aperfeiçoamento do
dínamo(1873),
-
Invenção do motor de
combustão interna por Daimler (1872).
As principais característica da 2a. Revolução
Industrial foram:
1 – Substituição do ferro pelo aço como material
industrial básico;
2 - A
substituição do vapor pela eletricidade
e pelos derivados de petróleo como
principais fontes de energia;
3 – O desenvolvimento da maquinaria automática e um
alto grau de especialização do trabalho;
4 – O crescente domínio da indústria pela ciência;
5 – Transformações radicais nos transportes e nas
comunicações. Início da construção de
automóveis na Alemanha p/Daimler e Benz (1880), Dulop aperfeiçoa o pneu
(1888), Henry Ford produz o modelo T (1908) nos Estados Unidos e Santos do Dumont faz a primeira experiência com o avião em
1906;
6 – O desenvolvimento de formas capitalistas. As
firmas de sócios solidários, formas típicas de organização comercial, cujo
capital provinha de lucros auferidos (capitalismo industrial), e que tomavam
parte ativa na direção dos negócios, deram lugar ao chamado capitalismo
financeiro que tem quatro características principais:
a)-a dominação das indústrias pelas inversões
bancárias e instituições financeiras e de crédito;
b)-formação de imensas acumulações de capital,
provenientes de trustes e fusões de empresas;
c)-separação entre a propriedade particular da
direção das empresas;
d)-desenvolvimento das holding companies;
7 – A expansão da industrialização até a Europa
Central e Oriente, e até o extremo Oriente.
A conseqüência dessas mudanças, transformou o homem,
de uma lenta produção de modo artesanal, em operador de máquinas, sem uma gradativa adaptação das situações
sociais. Anteriormente os operários eram
organizados em corporações de ofício regidas por estatutos, onde todos
se conheciam, iniciando como aprendiz e evoluindo para artesão ou mestre,
conforme a perfeição do seu trabalho diante os jurados e síndicos, responsáveis
pela corporação.
Algumas oficinas se fundiram chegando a se
transformar em fábricas e, os proprietários que
não conseguiram mecanizar sua produção se tornaram operários, pois houve
um acelerado crescimento de produção face o rebaixamento dos custos de produção
com a mecanização e alargamento do mercado consumidor com o aumento da massa de assalariados.
A Administração no início desse emergente crescimento industrial era
totalmente improvisada, e a gestão do pessoal e a coordenação do esforço
produtivo eram aspectos de pouca ou nenhuma importância, ocasionando uma carga
de trabalho que se estendia por 12 ou 13 horas em condições perigosas,
provocando acidentes e doença em larga escala. Por outro lado os erros
administrativos eram compensados com o baixo pagamento realizados aos
operários. Em razão disso não demorou muito a surgir as primeiras tensões entre
patrões e empregados e os governos tiveram que promulgar leis trabalhistas.
INFLUÊNCIAS DOS ECONOMISTAS LIBERAIS.
O movimento liberalista surgiu no século XVII na Europa em decorrência de
várias correntes filosóficas e teorias econômicas para explicar os fenômenos empresariais
com base em dados empíricos. Para o liberalismo econômico, a vida econômica
deve afastar-se da influência estatal, uma vez que o trabalho segue os
princípios econômicos naturais e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da
economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comércio internacional.
Muitos autores consideram que os germes inciais do
pensamento administrativo de nossos dias têm base nas idéias básicas dos
economistas clássicos liberais. O criador da Escola Clássica da Economia, Adam
Smith (1723-1790) já mencionava no seu livro A Riqueza das Nações publicado em
1776 a origem dessa riqueza como resultado da divisão do trabalho e da
especialização das tarefas, recomendando
o estudo dos tempos e movimentos, mais tarde desenvolvidos por Taylor e
Gilbreth como a base fundamental da Administração Científica nos Estados
Unidos.
James Mill (1773-1836) outro economista liberal
também sugeriu em seu livro Princípios de Economia Política, publicado em 1826,
medidas relacionados com os estudos de tempos
e movimentos. Em 1817 David Ricardo (1772-1836) publicou o seu livro Princípios de Economia Política,
abordando o trabalho, o capital, salário, renda, produção, preços e mercados.
O liberalismo econômico corresponde ao período de
máximo desenvolvimento da economia capitalista baseada na livre concorrência,
no individualismo e no jogo das leis econômicas naturais gerando intensos
conflitos sociais. A partir do século XIX esse movimento começou a perder
influência com o aparecimento de grandes concentrações empresariais como Du
pont, Rockfeller, Morgan, Krupp, com produções em larga escala a base de
grandes concentrações de maquinaria e de mão-de-obra, embora ainda continuasse
a vigorar situações extremamente
problemáticas de organização de trabalho,
de ambiente, de concorrência econômica, de padrão de vida etc.
Com relação a esse estilo de comportamento que
apresentava tratamento impróprio para
com os operários, surgem os criadores do chamado socialismo científico e do materialismo histórico, Karl Marx
(1818-1883) e Friedrich Engel (1820-1895), publicando o Manifesto Comunista em
1848, onde analisam os diversos regimes
econômicos e sociais, concluindo que o capitalismo é uma etapa de
desenvolvimento da sociedade em direção ao modo de produção socialista e ao
comunismo. Em 1867, Marx publica o primeiro volume de O Capital e mais adiante
suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho.
Segundo essa teoria, como a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é
determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador,
então tudo que ele produz para o patrão além do que é recebe como salário,
converte-se em lucro do capitalista, o que Marx define como grau de exploração
sobre o trabalhador.
A partir dessas novas concepções com o surgimento do
socialismo e do sindicalismo, esses agentes passam a assumir posições de
defesas do trabalhador diante do capitalismo, obrigando-o a aperfeiçoar os
fatores de produção e melhorar a remuneração.
INFLUÊNCIAS
DOS PIONEIROS EMPREENDEDORES
O século XIX assistiu uma verdadeira evolução das inovações e mudanças no
cenário empresarial e social e as condições para o aparecimento de teorias
administrativas foi se consolidando gradativamente.
Grandes empreendimentos como o Canal de Erie nos
Estados Unidos em 1820 e 1830 deram origem à engenharia de grandes construções.
A partir daí, o empreendimento empresarial de maior vulto da época foram as
estradas de ferro. As estradas de ferro americanas foram fruto do
empreendimento privado e constituíram um poderoso núcleo de investimentos e de
toda uma classe de investidores. O funcionamento das ferrovias americanas
permitiram o desbravamento do território e provocaram o fenômeno da rápida
urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz
e aquecimento, o que se traduziu num rápido crescimento das empresas voltadas
para o consumo direto.
Até 1850, pouquíssimas empresas européias ou
americanas tinham uma estrutura administrativa suficientemente definida. Poucas
eram as empresas que exigiam os serviços de um administrador em tempo integral,
pois as empresas industriais eram muito pequenas, predominantemente rural e, em
geral eram negócios de família, em que dois ou três parentes conseguiam cuidar
de todas as suas atividades principais. O presidente era o tesoureiro, o
comprador ou vendedor e atendia os aos agentes comissionados. Se o negócio
crescia os agentes se tornavam sócios da firma.
Com aquisição de algumas empresas por outras, foram
surgindo os primitivos impérios industriais, verdadeiros aglomerados de
empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidas pelos pequenos
grupos familiares, logo aparecendo os gerentes profissionais, os primeiros
organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que com as vendas ou com
as compras. A empresas nanufaturavam, comprando matérias-primas e vendendo seus
produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermediários. Até
essa época, os empresários achavam melhor ampliar suas instalações de produção
do que organizar uma rede de distribuição e vendas.
Na década de 1880, a Westinghouse e General Electric dominavam o ramo de
bens duráveis e tecnicamente complexos e criaram organizações próprias de
vendas com vendedores altamente treinados dando início ao que hoje denominamos
“marketing”. Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada
pela maioria das empresas americanas, a saber:
1-Um departamento de produção para administrar a
manufatura de pequenas fábricas isoladas;
2-Um departamento de vendas para administrar um
sistema nacional de escritórios distritais com vendedores;
3-Um departamento técnico de engenharia responsável
pelo desenho e desenvolvimento dos produtos;
4-Um departamento financeiro.
O grandes capitães de indústrias – como John
Rockfeller, Gustavus Swift, James Duke, Estiinghouse, Daimleer e Benz, Henri
Ford, e muitos outros – não tinham condições de sistematizar seus vastos
negócios com eficiência, pois eram empreendedores e não organizadores. A
organização era tarefa tão ou mais difícil que a criação dessas empresas. A
impressionante magnitude dos recursos que conseguiram reunir complicava as
coisas. O final do século passado revelou o crescimento dos grandes impérios
corporativos e a expansão da indústria. A preocupação dominante se deslocou
para os riscos do continuado crescimento das empresas sem uma organização adequada.
Entre 1900 e 1911, várias grandes corporações sucumbiram
financeiramente. Dirigir empresas não era apenas uma questão de habilidade
pessoal como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para
o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capitães das
indústrias, - pioneiros e empreendedores, - passaram a ceder seu lugar para os
organizadores ou administradores.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
CHIAVENATO,
Idalberto. Introdução à Teoria Geral da
Administração, 6a ed. São
Paulo: Campus, 2000¬¬¬¬¬
FERREIRA, Ademir Antônio et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias:
Evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira,
1999.¬¬¬¬
KWASNICA, Eunica Lacava. Introdução
à Administração. 2a ed. São Paulo: Atlas,
1994.
MEGGINSON,
Leon C. et al. Administração: Conceitos e aplicações. 4a ed. São
Paulo:
Atlas,
1995.
MAXIMINIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 4a
ed. São Paulo:
Atlas, 1995.¬¬¬¬
STONER,
James A F. & FREEMAN, R. Edward. Administração. 5a
ed. Rio de Janeiro:
Prentice Hall do Brasil, 1995.
SROUR,
Robert Henry. Poder, Cultura e ética nas Organizações. 4 ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1938.
TREWATHA, Robert L. & Newport, M.G. Administração: Funções e comportamento.
São Paulo: Editora Saraiva, 1995.
Bom resumo.
ResponderExcluirObrigado Márcio, bom proveito.
Excluir