domingo, 16 de setembro de 2012

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO




A Antigüidade caracteriza-se por ter sido uma época particularmente profícua para as ciências. Seus pensadores e filósofos criaram e desenvolveram muitas áreas do conhecimento humano, com tal profundidade que até hoje se fazem sentir os efeitos de seus trabalhos. No que se refere à administração, nunca foram encontradas obras que comprovem seu desenvolvimento na Antigüidade. Entretanto, a construção de uma pirâmide, a estrutura de uma cidade como Atenas e a administração de um império tão vasto como o Império Romano certamente revelam conhecimentos de administração.
A primeira pergunta que surge é por que a administração não recebeu igual tratamento na época, porque a realidade contemporânea torna mais fácil a compreensão deste fenômeno. Predominava, nessa época, um forte preconceito em relação ao trabalho, a tal ponto que era considerado uma atividade desprezível.
Uma das principais razões para esse preconceito foi a escravidão, que na época era legalizada, oferecendo solução fácil aos problemas práticos, e, ao mesmo tempo, criando uma inevitável correlação entre trabalho e escravo. Outra razão, também importante, foi a orientação dos povos primitivos para a guerra, onde se sobressai a importância social do soldado e consequentemente a inferioridade social daqueles que trabalhavam e que, portanto, não podem dedicar-se às guerras.
Os antigos acreditavam que havia dois campos antagônicos e possíveis de atuação: o intelectual, cabível aos cidadãos, e o material, cabível aos escravos. A aplicação das ciências em problemas práticos era condenada.
Até o início do século XX a Administração teve um progresso lento. Nenhum um grande acontecimento havia mudado sua trajetória de desenvolvimento cadenciado, embora fatos cronológicos registrem que os Egípcios no ano 4000 A. C. já tinham reconhecido as necessidades de planejar, organizar e controlar. Daí por diante vários outros fatos narrados ilustram a evolução de técnicas de Administração de forma moderada.
Além das várias contribuições isoladas desde os Egípcios até 1900, ano que o engenheiro americano Frederick W. Taylor inicia a sua Administração Científica, a Administração anteriormente se apropriou de técnicas de funcionamento adquiridas com base na influência de várias  organizações e grupos de pessoas.



INFLUÊNCIAS DOS FILÓSOFOS.

Sócrates, filósofo grego (470 a. C. – 399 a. C.), já expunha seus pontos de vista sobre a Administração considerando-a como uma habilidade pessoal  separada do conhecimento técnico e da experiência.
Platão (429 a. C – 347 a . C.), também filósofo grego, discípulo de Sócrates, em seu livro a República expressa sua interpretação sobre a democracia de governo e de administração dos negócios públicos.
Aristóteles (384  a . C. – 322 a . C.), outro filósofo grego, discípulo de Platão, no seu livro a Política, estuda a organização do Estado e distingue três formas de administração pública, a saber:
1-Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em tirania);
2-Aristocracia ou governo de uma elite  (pode descambar em  oligarquia);
3-Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia).

INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA


No decorrer de anos as práticas Administrativas e princípios de organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados para as instituições nascentes como a Igreja Católica e as organizações militares. Daí por diante ao longo dos séculos a Igreja Católica foi estruturando a sua organização, sua hierarquia de autoridade, seu estado-maior (assessoria) e sua coordenação funcional, tornando-a simples e eficiente, com capacidade de funcionar satisfatoriamente toda sua organização mundial sob o comando do Papa.

INFLUÊNCIA ORGANIZAÇÃO MILITAR


O funcionamento da  organização militar muito serviu como base para a Administração, principalmente com relação a organização linear, o princípio da unidade de comando, a escala hierárquica. Com as batalhas de longo alcance, o comando das operações de guerra exigiu planejamento e controle centralizados em paralelo a operações descentralizadas, ou seja passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução.
A organização militar também foi responsável pela criação do (staff) assessoria, composto por oficiais que trabalhavam independente dos de linha, numa nítida separação entre o planejamento e a execução das operações de guerra. Os oficiais formados no estado-maior eram transferidos posteriormente para posições de comando (linha) e novamente para o estado-maior, o que assegurava uma intensa experiência e vivência nas funções de gabinete, de campo e novamente de gabinete.
Uma outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, por meio do qual todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer.
No início do século XIX, Carl von Clausewtiz (1780-1831), general prussiano, escreveu um “Tratado sobre Guerra e os Princípios de Guerra”, onde afirmava a disciplina como um requisito básico para uma boa organização, sem abdicar de um cuidadoso planejamento para o qual o Administrador deve aceitar a incerteza para poder minimiza-la. 


INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736 – 1819) e sua posterior aplicação à produção, uma nova concepção de trabalho modificou  completamente a estrutura social, comercial, econômica e política  da época.
A revolução industrial pode ser dividida em duas épocas distintas:
1780 a 1860 – 1a. Revolução Industrial ou revolução do carvão e do ferro.
1860 a 1914 – 2a. Revolução Industrial ou revolução do aço e da eletricidade.
A 1a. Revolução Industrial foi dividada em 4 fases:
-     1a fase.
-      
-     A mecanização da industria e da agricultura. O aparecimento da máquina de fiar  em 1767, tear hidráulico 1785, descaroçador de algodão 1792, substituindo o trabalho do homem,do animal e a roda de água. Eram máquinas pesadas. O descaroçador tinha capacidade para trabalhar mil libras de algodão, enquanto no mesmo tempo um escravo conseguia trabalhar cinco.

2a. fase.
-     Aplicação da força motriz à industria. Começa a grande transformação com a aplicação da máquina a vapor convertendo a oficina em indústria, agilizando os transportes, mecanizando a  agricultura e facilitando as comunicações.

-     3a. fase.
-     Desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina desaparecem, dando lugar ao operário, às fábricas e às usinas, baseada na divisão do trabalho. Surgem novas industrias em detrimento das atividades rurais. A migração de massas humanas das  áreas agrícolas para proximidade das fábricas provoca o crescimento das populações urbanas.
-     4a. fase.
-     Aceleramento dos transportes e das comunicações. Surge a navegação a vapor nos Estados Unidos em  (1807) e logo as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada, surgindo a estrada de ferro na Inglaterra  em 1825 e em 1829 nos Estados Unidos. Morse inventa o código Morse em 1835 e Bell e o telefone em 1876.

A 2a. Revolução industrial é provocada por três acontecimentos importantes:
-     Desenvolvimento do processo de fabricação do aço(1856),
-     Aperfeiçoamento do dínamo(1873),
-     Invenção do motor de combustão interna por Daimler  (1872).

As principais característica da 2a. Revolução Industrial foram:
1 – Substituição do ferro pelo aço como material industrial básico;
2 -  A substituição do vapor pela  eletricidade e pelos derivados de  petróleo como principais fontes de energia;
3 – O desenvolvimento da maquinaria automática e um alto grau de especialização do trabalho;
4 – O crescente domínio da indústria pela ciência;
5 – Transformações radicais nos transportes e nas comunicações. Início da construção de  automóveis na Alemanha p/Daimler e Benz (1880), Dulop aperfeiçoa o pneu (1888), Henry Ford produz o modelo T (1908) nos Estados Unidos e  Santos do Dumont  faz a primeira experiência com o avião em 1906;
6 – O desenvolvimento de formas capitalistas. As firmas de sócios solidários, formas típicas de organização comercial, cujo capital provinha de lucros auferidos (capitalismo industrial), e que tomavam parte ativa na direção dos negócios, deram lugar ao chamado capitalismo financeiro que tem quatro características principais:
a)-a dominação das indústrias pelas inversões bancárias e instituições financeiras e de crédito;
b)-formação de imensas acumulações de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas;
c)-separação entre a propriedade particular da direção das empresas;
d)-desenvolvimento das holding companies;
7 – A expansão da industrialização até a Europa Central e Oriente, e até o extremo Oriente.
A conseqüência dessas mudanças, transformou o homem, de uma lenta produção de modo artesanal, em operador de máquinas,  sem uma gradativa adaptação das situações sociais. Anteriormente os operários eram  organizados em corporações de ofício regidas por estatutos, onde todos se conheciam, iniciando como aprendiz e evoluindo para artesão ou mestre, conforme a perfeição do seu trabalho diante os jurados e síndicos, responsáveis pela corporação.
Algumas oficinas se fundiram chegando a se transformar em fábricas e, os proprietários que  não conseguiram mecanizar sua produção se tornaram operários, pois houve um acelerado crescimento de produção face o rebaixamento dos custos de produção com a mecanização e alargamento do mercado consumidor  com o aumento da massa de assalariados.
A Administração no início desse emergente crescimento industrial era totalmente improvisada, e a gestão do pessoal e a coordenação do esforço produtivo eram aspectos de pouca ou nenhuma importância, ocasionando uma carga de trabalho que se estendia por 12 ou 13 horas em condições perigosas, provocando acidentes e doença em larga escala. Por outro lado os erros administrativos eram compensados com o baixo pagamento realizados aos operários. Em razão disso não demorou muito a surgir as primeiras tensões entre patrões e empregados e os governos tiveram que promulgar  leis trabalhistas.

INFLUÊNCIAS DOS ECONOMISTAS LIBERAIS.

O movimento liberalista surgiu no século XVII na Europa em decorrência de várias correntes filosóficas e teorias econômicas para explicar os fenômenos empresariais com base em dados empíricos. Para o liberalismo econômico, a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, uma vez que o trabalho segue os princípios econômicos naturais e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comércio internacional.
Muitos autores consideram que os germes inciais do pensamento administrativo de nossos dias têm base nas idéias básicas dos economistas clássicos liberais. O criador da Escola Clássica da Economia, Adam Smith (1723-1790) já mencionava no seu livro A Riqueza das Nações publicado em 1776 a origem dessa riqueza como resultado da divisão do trabalho e da especialização das tarefas,  recomendando o estudo dos tempos e movimentos, mais tarde desenvolvidos por Taylor e Gilbreth como a base fundamental da Administração Científica nos Estados Unidos.
James Mill (1773-1836) outro economista liberal também sugeriu em seu livro Princípios de Economia Política, publicado em 1826, medidas relacionados com os estudos de tempos  e movimentos. Em 1817 David Ricardo (1772-1836) publicou  o seu livro Princípios de Economia Política, abordando o trabalho, o capital, salário, renda, produção, preços e mercados.
O liberalismo econômico corresponde ao período de máximo desenvolvimento da economia capitalista baseada na livre concorrência, no individualismo e no jogo das leis econômicas naturais gerando intensos conflitos sociais. A partir do século XIX esse movimento começou a perder influência com o aparecimento de grandes concentrações empresariais como Du pont, Rockfeller, Morgan, Krupp, com produções em larga escala a base de grandes concentrações de maquinaria e de mão-de-obra, embora ainda continuasse a vigorar  situações extremamente problemáticas  de organização de trabalho, de ambiente, de concorrência econômica, de padrão de vida etc.
Com relação a esse estilo de comportamento que apresentava tratamento  impróprio para com os operários, surgem os criadores do chamado socialismo científico e do materialismo histórico, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engel (1820-1895), publicando o Manifesto Comunista em 1848, onde analisam  os diversos regimes econômicos e sociais, concluindo que o capitalismo é uma etapa de desenvolvimento da sociedade em direção ao modo de produção socialista e ao comunismo. Em 1867, Marx publica o primeiro volume de O Capital e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho. Segundo essa teoria, como a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador, então tudo que ele produz para o patrão além do que é recebe como salário, converte-se em lucro do capitalista, o que Marx define como grau de exploração sobre o trabalhador.
A partir dessas novas concepções com o surgimento do socialismo e do sindicalismo, esses agentes passam a assumir posições de defesas do trabalhador diante do capitalismo, obrigando-o a aperfeiçoar os fatores de produção e melhorar a remuneração.

INFLUÊNCIAS DOS PIONEIROS EMPREENDEDORES

O século XIX assistiu uma verdadeira evolução das inovações e mudanças no cenário empresarial e social e as condições para o aparecimento de teorias administrativas foi se consolidando gradativamente.
Grandes empreendimentos como o Canal de Erie nos Estados Unidos em 1820 e 1830 deram origem à engenharia de grandes construções. A partir daí, o empreendimento empresarial de maior vulto da época foram as estradas de ferro. As estradas de ferro americanas foram fruto do empreendimento privado e constituíram um poderoso núcleo de investimentos e de toda uma classe de investidores. O funcionamento das ferrovias americanas permitiram o desbravamento do território e provocaram o fenômeno da rápida urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz e aquecimento, o que se traduziu num rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto.
Até 1850, pouquíssimas empresas européias ou americanas tinham uma estrutura administrativa suficientemente definida. Poucas eram as empresas que exigiam os serviços de um administrador em tempo integral, pois as empresas industriais eram muito pequenas, predominantemente rural e, em geral eram negócios de família, em que dois ou três parentes conseguiam cuidar de todas as suas atividades principais. O presidente era o tesoureiro, o comprador ou vendedor e atendia os aos agentes comissionados. Se o negócio crescia os agentes se tornavam sócios da firma.
Com aquisição de algumas empresas por outras, foram surgindo os primitivos impérios industriais, verdadeiros aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidas pelos pequenos grupos familiares, logo aparecendo os gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que com as vendas ou com as compras. A empresas nanufaturavam, comprando matérias-primas e vendendo seus produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermediários. Até essa época, os empresários achavam melhor ampliar suas instalações de produção do que organizar uma rede de distribuição e vendas.
Na década de 1880, a Westinghouse e General Electric dominavam o ramo de bens duráveis e tecnicamente complexos e criaram organizações próprias de vendas com vendedores altamente treinados dando início ao que hoje denominamos “marketing”. Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber:
1-Um departamento de produção para administrar a manufatura de pequenas fábricas isoladas;
2-Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escritórios distritais com vendedores;
3-Um departamento técnico de engenharia responsável pelo desenho e desenvolvimento dos produtos;
4-Um departamento financeiro.
O grandes capitães de indústrias – como John Rockfeller, Gustavus Swift, James Duke, Estiinghouse, Daimleer e Benz, Henri Ford, e muitos outros – não tinham condições de sistematizar seus vastos negócios com eficiência, pois eram empreendedores e não organizadores. A organização era tarefa tão ou mais difícil que a criação dessas empresas. A impressionante magnitude dos recursos que conseguiram reunir complicava as coisas. O final do século passado revelou o crescimento dos grandes impérios corporativos e a expansão da indústria. A preocupação dominante se deslocou para os riscos do continuado crescimento das empresas  sem uma organização adequada.
Entre 1900 e 1911, várias grandes corporações sucumbiram financeiramente. Dirigir empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capitães das indústrias, - pioneiros e empreendedores, - passaram a ceder seu lugar para os organizadores ou administradores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração, 6a ed. São
      Paulo: Campus, 2000¬¬¬¬¬
FERREIRA, Ademir Antônio et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias:
       Evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira,
       1999.¬¬¬¬

KWASNICA, Eunica Lacava. Introdução à Administração. 2a ed. São Paulo: Atlas,
       1994.

MEGGINSON, Leon C. et al. Administração: Conceitos e aplicações. 4a  ed. São Paulo:
      Atlas, 1995.

MAXIMINIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 4a ed. São Paulo:
      Atlas, 1995.¬¬¬¬

STONER, James A F. & FREEMAN, R. Edward. Administração. 5a ed. Rio de Janeiro:
     Prentice Hall do Brasil, 1995.

SROUR, Robert Henry. Poder, Cultura e ética nas Organizações. 4 ed. Rio de Janeiro:
      Campus, 1938.

TREWATHA, Robert L. & Newport, M.G. Administração: Funções e comportamento.
      São Paulo: Editora Saraiva, 1995.








2 comentários: